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Manga é coisa séria

Manga é coisa para criança” traduz a mesma ignorância dita sobre desenhos e outros quadrinhos promovida por quem não está colocado no assunto e a importância desses materiais e suas mensagens ao público, além de que esta posição de rejeição acaba em isenção de uma atenção sobre o que se anda lendo, algo que nem sempre se trata de criancice.

A abordagem temática dos mangas iconizou-se na “infantilidade” de julgamento do grande público que conheceu apenas os mangas de luta para meninos e os de garotas para garotas. Essa polarização encontra uma serie de motivos na cultura popular brasileira e mundial pelo fato do referencial americano: o traço dos anos 40 ditou o cartoon e os quadrinhos para o publico infanto-juvenil, mesmo com o amadurecimento temático e formal ao decorrer das décadas, e a produção internacional ligada pela globalização cultural e mercadológica.

Os quadrinhos nipônicos são direcionados e divididos (um tanto arbitrariamente a titulo de nichos) como todas as expressões culturais: retratos de sociedade para públicos diferenciados. As temáticas infantis são mais conhecidas em seus valores de amizade e superação de obstáculos na nossa Terra Xuxa. Bem como a categorização juvenil e adulta atente a realidade desses grupos, com seus gostos e maturidades. Lembremos bem que essa divisão é visando o consumidor, pois o alcance de maturidade é inerente a idade, bem como o gosto.

Obras como Naruto, One Piece, Dragon Ball e muito do produzido pelo estúdio CLAMP satisfazem o gosto geral, pois abordam despretensiosos assuntos com o eterno infantil mundo dos “super-poderes” e crises de amizades, mas não perdem em enredos que mantém o público em entusiasmantes esperas. Mesmo títulos juvenis como Bersek ou adultos, Crying Freeman, possuem suas expectativas espelhadas em seus leitores.

A retratação de um cotidiano criminal futurístico em Ghost in The Shell; a precariedade da existência humana em Ergo Proxy; a filosofia moderna saturada pela tecnologia em S.E. Lain ou simplesmente o inocente e maniqueista discurso de justiça e surpreendente inteligência de Death Note. Exemplos como este são o suficiente para o estimulo da leitura e debate em salas de aulas há calorosas discussões em rodas acadêmicas, ou apenas descontração inteligente do ócio criativo – tão valorizado pelos gregos.

Quanto à academicidade da Arte Sequencial, Will Eisner coloca assertivas esclarecedoras: a preocupação do autor em trabalhar seriamente sua obra, seu trabalho leva ao trato digno dessa arte. Isso visando o autor, pois Eisner reclama meandros pedagógicos e sociais para defender a arte – vide seu livro “Quadrinhos e Arte Sequencial” (1985).

A atenção relevante sobre os quadrinhos japoneses reside na importância com que ele consegue buscar temáticas e formas de levar ao leitor uma questão cotidiana, uma expectativa e uma fantasia. O mister dos mangas é a sua fluída comunicação com o público.

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