Um problema da prospecção do dançar como arte e como profissão rígida no “Brasil-a-fora” é a espetacularização do trabalho apresentado no palco, representada na preocupação excessiva com o impacto da coreografia e dos movimentos, não tendo atenção com o domínio e cuidados técnicos destes; em contraponto com a riqueza criativa no meio da dança brasileira, seja contemporânea, neoclássica, clássica, regional-folclorica.
O olhar como entretenimento de quem produz essas manifestações de dança, ao oferecer a dança como produto consumível e efêmero, não altera no público o descompromisso em desenvolver uma opinião afirmativa sobre os aspectos estruturais de se fazer dança, em suma, da profissionalização e aparato trabalhista por trás de tudo isso. O que reflete na dificuldade de vontade popular às reivindicações governamentais ou na formação de cultura social de apoio a quem opte por esse caminho. Estabilidade, compromisso e seriedade.
Uma frase valida é a da professora de balé clássico Guiomar Boaventura – diretora artística da Vórtice Escola de Danças em Uberlândia – , em meio a um de seus cursos em festivais de dança, na qual ela lembra o fato do brasileiro não possuir uma “história” em dança clássica, cabendo aos bailarinos atuais “arregaçar as mangas” e construir tal bagagem com seriedade e conhecimento. Isso serve a pluralidade de dança no país: o compromisso e conhecimento da dança precisa se desmistificar/dividir do “apenas entretenimento ou hobby” nas academias e escolas do interior e formar uma cultura de profissionalização e técnica criando uma robusta instituição brasileira.