![Agir como um deus faz de Kira um inocente, mas manipular sua religião de morte com a mídia e a politica terrena, ressalta sua humanidade.](https://mordonha.wordpress.com/wp-content/uploads/2012/12/death-note-shinigamis-e-kira.jpg?w=342&h=490)
Agir como um deus faz de Kira um inocente, mas manipular sua religião de morte com a mídia e a política terrena, ressalta sua humanidade.
Death Note é um manga criado por Tsugumi Ohba e ilustrado por Takeshi Obata, o qual contempla o embate e os conflitos entre duas mentes geniais no campo criminoso: o assassino e o detetive. O diferencial esta no fato do assassino ter ao seu lado um caderno que um deus da morte “deixou” neste mundo humano e um questionável senso de justiça.
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Entre muitas situações apresentadas e trabalhadas pelo quadrinho, o envolvimento entre política, religião e mídia toma formas realistas peculiares. Como alguém capaz de matar apenas por escrever o nome de um homem em um caderno, Raito Yagami, o assassino – apelidado de Kira -, acaba sendo aclamado como um deus justo na terra, arrebanhando seitas e fieis ao redor do globo. Ele usa isto a seu favor e ao deleite de oportunistas líderes doutrinários. Personagens como o diretor de TV Hitoshi Demegawa são comuns no meio religioso-midiatico da vida real.
O cenário de Death Note é uma réplica fantástica do mundo real: as religiões atreladas a mídia de massas, ganhando poder social e de decisão nas mais variadas nações, ocidentais e orientais. Se a coisificação do homem o descarta do processo político e cultural, alienando-o, o “endeusamento” de um indivíduo o catapulta para uma condição privilegiada e arbitrária no sistema social. Notemos o fenômeno daqueles que se dizem enviados, pontes entre a vontade divina e o povo, mandando e desmando sobre a palavra de seus “deuses” – recordemos da cena onde Kira manipula seus seguidores para impedir a fuga do detetive Near de sua agência.
O discurso do assassino/justiceiro/deus Kira é em muito disto, acompanhado de orgulho e de uma curiosa essência de inocência em seu pensamento de “Deus de um novo mundo”, obliterando-o de sua própria falseabilidade dogmática e prejudicial no meio social. Comum hoje em dia, fora dos quadrinhos.