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Foi-se Oscar Niemeyer

Morreu o arquiteto por profissão, artista por sensibilidade Oscar Niemeyer (104 anos). O homem já ultrapassava os cem anos de idade. Senti certo alivio. Com respeito, oras.

Niemeyer era Modernismo. Participou do desenvolvimento e pratica de estilos estéticos da Arte Moderna brasileira. “Stalinista, gênio, curvo, seco”, dentre outros adjetivos de seus expectadores, ele construiu patrimônios inseridos em nosso cotidiano. Ele era legado vivo. Sua morte eternizou seus projetos com sua figura. Finalmente. Ele caiu nas graças do passado e com isso abriu espaço para o depois com a herança de sua cultura produzida. Por isso o alivio. Outros terão que vir e embaterem-se pela posição inovadora que outrora foi lugar de Oscar Niemeyer. Todo espaço aberto. É isso o Modernismo. São isso as curvas do arquiteto brasileiro – fora do padrão reto do endeusamento vivo, dentro dos caminhos do infinito prazer feminino, da jovialidade visionaria.

Oscar Niemeyer morreu; um Niemeyer não.

Oscar Niemeyer

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Não nos esquecemos depois de um dia

Ainda lembramo-nos do distante ano de 2011, parece que foi ontem que chuvas de verão levaram casas morros abaixo e revelou um sistema íngreme de loteamento nas regiões de mares de morro do sudeste, enchentes que da poli paulista chega aos asfaltos de inúmeras cidades do interior: urbanização ou mudança climática? Enfim, o verão sempre foi chuvoso.

E a natureza, nossa fonte de mimesis, não reconhece a evolução por cima dela: em um levante tectônico de águas, não se importou com a residência de uma usina nuclear em Fukushima. O Japão sempre esteve a par de sua frágil localização geográfica, próxima a encontros e dobras tectônicas, mas é um povo inteligente e planeja tudo. Altura correta de uma barragem de proteção contra tsunamis. Hoje em dia è difícil prever o tamanho da próxima onda, elas andam aumentando bastante. Nobremente velhos se oferecem no lugar de novos para reparos no vazamento radioativo. A cultura milenar.

Não apenas a natureza dos quatro elementos, como também a humana evocou seus ânimos. Massacres. A histórica missão islâmica pela Europa trouxe Oslo e o aviso de que algo acontece na antiga nação cristã. Aqui em terras tupiniquins, o fenômeno psicológico, ou social, bullying circula sobre o massacre de Realengo, circula como um neologismo para a falta de respeito e educação que reside nas instituições por tantas falhas sociais quanto o número de medidas provisórias em suas estruturas. Alunos atirando em professoras. Professoras tendo que atirar em politicagem, com palavras, como se deve.

Chegamos aos conflitos. A ânsia de liberdade de escolha levou a famosa Primavera Árabe. A esquerda nostálgica celebra a busca por democracia contra o establishment americano. Muitos ficaram calados quando se deram conta das articulações da Liga Árabe para assumir o poder. E muitos do povo apoiaram. Democracia de voto não significa a mesma escolha de regime a todos. Ao menos em meio a tanta instabilidade, cristãos protegeram mulçumanos durante o período de suas orações. Talvez o maior passo do ano para alguma coisa sobre todas as coisas. Melhor do que o efeito da morte de Osama. Parecido mais com a retirada de tropas americanas do Iraque até 31/12/11.

Primavera, luta de classes. Chegou a Londres no Verão. E viva a anarquia de pretextos de uma camada jovem insatisfeita com a crise. As crises para muitos em nome de poucos. De outras crises acomodadas na fartura e que eclodem em períodos fragilizados: há alguma coisa acontecendo neste país, diz um enérgico senhor a uma repórter sonsa da BBC.

Chegou no Brasil. A USP conta esta história. Mas o real caso era a falta de estrutura no campus.

Sobre tudo, esta o dinheiro. 2011 marca as decisões quanto a crise européia. A Grécia e a Alemanha. A União em jogo. Herança maldita americana. Luta de classes devido a grandes interessados nos lucros de usinas nucleares como a do Japão. No petróleo do oriente médio. Nos interesses próprios em prol da sucateação do conhecimento do povo, das escolas, displicente quanto a moradia dos pobres levados por costumeiras chuvas. Seriam eles a causa de tudo? O que andamos fazendo? Esperando o Robin Hood?

Neste ano tivemos também a questão do voto distrital. É, o voto.

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A desnecessária ocupação da USP

O que se iniciou como uma manifestação contra o detimento de três alunos em dependências educativas da universidade – a faculdade de historia e geografia –, que consumiam maconha na área, culminou em uma ocupação ofensiva da faculdade e o gritar ideológico, tomando e revelando novos rumos.

A manifestação nutria o descontentamento dos jovens com a ação abusiva da policia no campus – as rondas foram requeridas pela instituição depois de constatar e experimentar criminalidade incômoda no centro universitário – concebendo um bloco estudantil de oposição da permanência da tal.

A polícia recebe, além da permissão da reitoria, o aval de grande parte de estudantes de outras áreas como direito, medicina, administração, todos preocupados com a segurança das zonas que margeiam as faculdades, contudo isto não deixa de tenuar o fato do despreparo da polícia em ação no campus e também a sua necessidade.

Contudo a mobilização da massa de universitários não colaborou com a rapidez do processo, e pelas duas partes – seja a lamentável cotidiana truculência policial e do ímpeto “rebelde revolucionário” da massa – houve atrito de forma ostensiva, se solidificando em uma rebelião de grupos partidários da USP para a ocupação do prédio de Administração da FFLCH e posteriormente da reitoria da universidade, em exigência da retirada dos policiais pela reitoria, além de outros pontos relacionados à segurança e melhorias na área universitária.

Um fato é que muito se desdobra e se apresenta sobre uma não concordância geral para com os movimentos e embates físicos dos estudantes, denotando certa falta de articulação política de exigências e opiniões, onde partidarismos e grupos fechados coordenaram as atitudes. Isso ficou claro.

O problema maior foi enfim a PM: os policiais, opção pela aparente sucateação da guarda da universidade e de estruturas de segurança do campus, não se adaptaram em pequeno prazo a esfera estudantil, e os membros desta não se conterem nesta oportunidade de trabalhar um jogo de articulação da  privacidade para com um poder local.

Interessante notar um equilíbrio a partir de pontos chaves de uma nota publicada por estudantes do DCE da USP, e uma narrativa cheia de rica hipermídia de um observador de uma manifestação.

Abaixo um vídeo de humor, que contêm o seu valor em importantes pontos:

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Senhor Cabeça de Batata e Picasso

Muito de Picasso e suas obras está nas “agressivas cenas” protagonizadas pelo Senhor Cabeça de Batata na animação Toy Story. Ele é todo agressivo, dinâmico, explosivo, com pensamentos sagazes, e quem sabe, maldosos. Ainda possui os membros flexíveis ao corpo, capazes de fazê-lo mudar, se adaptar as novas estéticas, ou apenas se camuflar nos tempos líquidos. A pura modernidade dos loucos anos 20, de Guernica, encarnada.

O pequeno ainda possui mais simbologia em sua infantil criação: ele é uma batata. E o que é uma batata no entretenimento e figuração artística senão uma oculta figura proletária, um tanto burlesca, que com o devido tratamento, se transfigura em um ready made artístico duchampiano.

 

Notem como o “porco capitalista” não entende a vanguarda representada em seu colega. A dificuldade da reinvenção proposta pelo artista, pelo movimento.

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Não fale com estranhos

Entra no ônibus, um bom dia ao motorista, afinal ele que te leva. Um sorriso, um cumprimento, passa-se a roleta e… Onde sentar?

Desde pequeno ouvimos “não fala com estranhos”. Medo de se machucar, de não encontrar segurança, além da sinceridade do “ele não mora com você e você não sabe do que ele é capaz”.

Eu não sei do que “ele” é capaz, hoje em dia, eu não sei do que eu sou capaz, do que você é capaz…

Olha para achar lugar vazio ou perto de gente bonita, que não incomodaria, gente bem vestida, igual. Um achado depois de três pares pela metade (não fale com estranhos, se ele não for o seu bonito).

Desce no seu ponto e vai-se embora. Nada ficou ou durou. O ônibus partiu e acabou. Foi-se mais um dia. Qualquer banco servia. Qualquer um servia ao seu lado. Não fale com estranhos, não escolhas seus estranhos, pois você também é um estranho e não sabemos do que você é capaz.

Entra no ônibus, cordial, passa a roleta e está no primeiro lugar vazio – uma conquista – e olha para o relógio. Mais um dia…

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