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A respeito da fragmentação do eu, observando Pessoa e Fiodor

Pode o homem se dividir em mais do que lhe cabe no psíquico? Engendrar duas ou mais psiquês em seu íntimo? Pois é a possibilidade de fragmentação do eu literário, poético ou narrativo, a prova de que estas situações se relevam quanto ao universo da arte e do real.

Le Pigeon aux Petits Pois – Picasso ( os experimentos de Picasso buscavam a visão simultânea de algo ou ideia. Seria fácil a fragmentação do homem para que este possa “ver plenamente”? A arte é a ferramenta e a resposta )

A expressão artística da literatura é o uso da substância ‘linguagem’ ao intuito da elaboração de si mesma. Rente à realidade, o eu não se fragmenta sem danos, sem sobejar o natural do homem, contudo na literatura as artimanhas da linguagem criam uma série de  possibilidades para o drible desta atrativa forma de se entender a persona humana.

Encontramos na própria literatura exemplos. Fernando Pessoa é heterônomos e ele mesmo; em O Duplo, conto de Dostoievski, desprende enredo das teorias psicanalíticas do conflito, da loucura de se ter outro com sua aparência. Porém os meandros da ficção realística do escritor russo estão na percepção de um outro externo, o duplo não contem a essência, mas um desdobramento dos desejos desta. O eu presente não é duplo. De outra forma, Pessoa se dividiu abstraindo-se. O conflito não ocorre na mente do autor. Seus ‘outros’ não se colidem, ao contrario, colaboram a uma maior vista do autor sobre os campos artísticos.

Esses dois autores elaboraram narrativas e formas onde o eu fragmenta-se, sem experimentarerm o real labor do choque de multiplas essências, como também estuda a fundo a  psicanálise – o enredo mais próximo desta realidade seria Goliadkin, personagem do romance citado.

O eu fragmenta-se sem danar alguém no artístico, entretanto suas consequências físicas são drásticas a integridade lógica do ser humano. Um estalo de observação são alguns pares de metafísica e o campo da espiritualidade religiosa dogmática. O eu ocupado por outras psiquês integras difere do pré-suposto de Fiodor, ao retirar o conflito e perseguição notórios na obra pré-sovietica.

Findando: o eu fragmentado é instrumento artístico impar na clareza da objetividade se passível de manuseio, algo diferente do esforço de se sondar um conceito em suas perspectivas se valendo de limites pessoais – destaquemos que na modalidade marcante de Pessoa também há isto; agora, quanto ao real, o conflito é sumário.

Bibliografia: Analises didáticas e escolares de Fernando Pessoa.

O Duplo – Dostovisky

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