artes

Cisne Negro: catarse artística

Em 2012, o diretor e cineasta Darren Aranofsky trouxe aos cinemas mundiais a sua obra Cisne Negro. Uma bailarina que sofre de transtornos psicológicos em meio a exigente esfera da dança clássica. Obviamente a história alude ao mito romântico russo – baseado no céltico mito de Ondine -, contudo um dado interessante é a revelação do diretor dada nos créditos de making of contidos em qualquer dvd, a respeito de sua inspiração a partir de certa história de Fiodor Dostoiévski, personalidade russa da arte escrita.

A tal é O Duplo, a respeito de um burocrata medíocre e obsessivo com sua saúde que sofre de um particular senso de perseguição: por ele mesmo. Um homem cri-cri revelado sob a curiosidade do Realismo e as publicações de Sigmund Freud.

Nesse sentido, a produção de Aranofsky é um encontro de artes sobre a tutela cinematográfica, e claramente, levado a uma catarse no roteiro bem escrito por Mark Heyman, Andres Heinz e John McLaughlin. Não uma catarse do publico, do diretor, mas dentro da obra. Cisne Negro interpreta sua base oral e escrita numa forma visual contemporânea e facilmente discursiva. (Levaria o público para a catarse? Flui para isso, mas cada espectador é um.).

A tragédia individual personagem de Natalie Portman assume a paranóia do burocrata, como se confunde com a desconfiança do príncipe Siengfrilde em relação a identidade de sua amada. Um jogo de personalidades traduzidos em Nina. Porém, paranóia esta não mais patológica ou espontânea como ditava o cru Determinismo, mas mais polida pelas nuances da emoção e da psicanálise. O balé romântico encontra a literatura racional, e temos um filme contemporâneo. Simples e estético.

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artes, literatura

Modernismo brasileiro

Nesta entrevista dada pelo escritor e estudioso do Modernismo brasileiro Eduardo Jardim de Moraes, pontos interessantíssimos e gerais, mas completos sobre o movimento em sua primeira fase, analisando duas etapas principais, são abordados numa fluidez histórica e cultural competente. Coloco aqui o meus pontos, faça o seu, leia os livros, não apenas esses de Moraes, mas os dos “Andrades” e seus colegas.

  • 1º etapa: rejeição a ideia de regionalismo por tal contrapor ao universalismo, o qual, este último, resumia a modernização pelo simples alinhamento da cultua brasileira as vanguardas europeias.
  • 2º etapa: o Modernismo é definido sob o nacionalismo. O Manifesto Antropofágico é criado. Mario de Andrade quer entender a realidade do Brasil de forma analítica dentro de si mesmo. Oswald de Andrade pela integração de elementos daqui e do outro lado do Atlântico, algo intuitivo.
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artes

Tempos e lugares

Não que seja instrumental, manipulável, mas a Arte tem hora certa e público certo. A Arte é plural. Sem elitismos, apenas separação. Arte para todos sim, mas tem coisa que não entra na realidade de todo mundo pelo simples fato de não fazer parte da realidade de todo mundo.

Preparo é tudo. Tem coisa por ai que é linda, mas para gente esclarecida e resolvida. Tem outra que é feia para quem nunca teve necessidade de sentir “aquilo” que o artista passou, outra é para artista pensar em arte, não mudar a realidade social dos ajuntamentos marginais.

Jovem burguês tem tempo e dinheiro de ir em galeria. O operariado quer coisa rápida. Prêmios para a desenvoltura da qualidade, pois velocidade e qualidade podem andar juntas. Sem frescuras. Com Arte.

Galerias, museus, pautas, agendas, salas. Há lugares diferentes para expressões diferentes. Estilísticas, eras, séculos, décadas a até modas artísticas. O publico mudava também. Não devemos estamentar classicismos sobre artes folclóricas, podemos sugerir, convidar.

Arte tem público e nicho, oras. Monopólio oligárquico da expressão e do momento artística é errado, totalitário ou liberal.

Fácil de entender? Para quem? Depois de quê?

Fácil de entender? Para quem? Depois de quê?

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artes, quadrinhos

Manga é coisa séria

Manga é coisa para criança” traduz a mesma ignorância dita sobre desenhos e outros quadrinhos promovida por quem não está colocado no assunto e a importância desses materiais e suas mensagens ao público, além de que esta posição de rejeição acaba em isenção de uma atenção sobre o que se anda lendo, algo que nem sempre se trata de criancice.

A abordagem temática dos mangas iconizou-se na “infantilidade” de julgamento do grande público que conheceu apenas os mangas de luta para meninos e os de garotas para garotas. Essa polarização encontra uma serie de motivos na cultura popular brasileira e mundial pelo fato do referencial americano: o traço dos anos 40 ditou o cartoon e os quadrinhos para o publico infanto-juvenil, mesmo com o amadurecimento temático e formal ao decorrer das décadas, e a produção internacional ligada pela globalização cultural e mercadológica.

Os quadrinhos nipônicos são direcionados e divididos (um tanto arbitrariamente a titulo de nichos) como todas as expressões culturais: retratos de sociedade para públicos diferenciados. As temáticas infantis são mais conhecidas em seus valores de amizade e superação de obstáculos na nossa Terra Xuxa. Bem como a categorização juvenil e adulta atente a realidade desses grupos, com seus gostos e maturidades. Lembremos bem que essa divisão é visando o consumidor, pois o alcance de maturidade é inerente a idade, bem como o gosto.

Obras como Naruto, One Piece, Dragon Ball e muito do produzido pelo estúdio CLAMP satisfazem o gosto geral, pois abordam despretensiosos assuntos com o eterno infantil mundo dos “super-poderes” e crises de amizades, mas não perdem em enredos que mantém o público em entusiasmantes esperas. Mesmo títulos juvenis como Bersek ou adultos, Crying Freeman, possuem suas expectativas espelhadas em seus leitores.

A retratação de um cotidiano criminal futurístico em Ghost in The Shell; a precariedade da existência humana em Ergo Proxy; a filosofia moderna saturada pela tecnologia em S.E. Lain ou simplesmente o inocente e maniqueista discurso de justiça e surpreendente inteligência de Death Note. Exemplos como este são o suficiente para o estimulo da leitura e debate em salas de aulas há calorosas discussões em rodas acadêmicas, ou apenas descontração inteligente do ócio criativo – tão valorizado pelos gregos.

Quanto à academicidade da Arte Sequencial, Will Eisner coloca assertivas esclarecedoras: a preocupação do autor em trabalhar seriamente sua obra, seu trabalho leva ao trato digno dessa arte. Isso visando o autor, pois Eisner reclama meandros pedagógicos e sociais para defender a arte – vide seu livro “Quadrinhos e Arte Sequencial” (1985).

A atenção relevante sobre os quadrinhos japoneses reside na importância com que ele consegue buscar temáticas e formas de levar ao leitor uma questão cotidiana, uma expectativa e uma fantasia. O mister dos mangas é a sua fluída comunicação com o público.

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